domingo, 28 de agosto de 2011

Família e Tradição


Após a leitura deste texto e do capítulo Família do livro "Mundo em descontrole", você acredita que o significado tradicional de família para nós é o mesmo que o de nossos antepassados? Seria a democracia, a bandeira para o excesso de liberdade individual que transforma a natureza humana  e a natureza da sociedade?

Neste mix de cyborgs de oposição, cabe a nós refletir alguns passos que são dados por uma geração mais velha e incuti no pensamento da próxima geração o discernimento aceito para os ideais tradicionais de comunidade.
Como dito não devemos olhar para o passado apenas apontando que o antes era um paraíso e hoje é o apocalipse. Mas no século XX ocorreu um fato primordial para a compreensão do que está acontecendo. A passagem da sociedade de produção para a sociedade do consumo.
Na primeira década do século passado, um importante filósofo francês Jean Paul Sartre impressionou o mundo de seu tempo afirmando que as pessoas precisavam ter um projeto de vida. Para ele, era preciso esboçar um projeto de vida e prossegui-lo ano após ano de forma consciente chegando cada vez mais próximo de seu ideal. Agora, imagine-se seguindo esta teoria. Atualmente nós temos uma imensa dificuldade em nos imaginarmos daqui a um ano, imagine o projeto de uma vida inteira. As sociedades foram individualizadas: a comunidades, a nação, a movimentos políticos. Há a tendência de se redefinir constantemente o significado da vida, o propósito da vida, a felicidade na vida para o que está acontecendo com uma própria pessoa. As questões de identidade têm um papel tremendamente importante hoje, no mundo. Tem-se que criar identidade própria. Não apenas é preciso fazer isso sozinho, do zero, mas de fato a sensação que a sociedade da informação e da inovação, desconstrói e reconstrói os sentidos é de que precisamos passar a vida redefinindo nossa identidade. Os estilos de vida, as formas da vida atraentes e tentadoras mudam tantas vezes na vida que se tentássemos listar as coisas que já saíram de moda a este respeito, que mudaram no decorrer da nossa vida, levaríamos alguns dias para listar todas elas. Ainda assim, provavelmente algo ainda ficaria no esquecimento.
 Então se tantas coisas mudaram, não apenas a passagem do totalitarismo para a democracia, mas muitas outras coisas. Não se pode afirmar qual dessas mudanças é mais duradoura e vai influenciar mais a vida das próximas gerações. Se este é o início de uma nova forma de vida, que vai durar séculos, ou se é um período de transição, de um tipo de ordem social para outro tipo de ordem social. Quando estamos em um processo de transição, fica muito difícil imaginar outro tipo de solução estável, um acordo de convivência humana. Entretanto, há duas coisas que aconteceram e que são irreversíveis:
1.      Um mundo interdependente – uma coisa é que multiplicamos a humanidade em nosso planeta, as conexões, as relações, as interdependências, as comunicações espalhadas em todo mundo. Estamos agora numa situação onde todos nós dependemos uns dos outros. O que acontece na Malásia quer você saibamos ou não, sinta ou não, tem uma tremenda importância nas perspectivas de vida dos jovens no Rio Grande do Sul. E vice versa, estamos todos no mesmo barco. Essa é a primeira vez na história em que o mundo é realmente um único país, em certo sentido.
2.      Dilema ambiental – nossos antepassados decidiram assumir a natureza sob a gestão humana na esperança de que eles fariam com que a natureza absolutamente obedecesse às necessidades humanas e teriam pleno controle do que acontecesse no mundo. Agora que isso acabou, porque no resultado dos nossos próprios sucessos, as nossas respostas para os nossos sucessos, o desenvolvimento da tecnologia moderna, a eficiência, a nossa capacidade de produzir e de consumir cada vez mais; alcançar todos os tipos de recursos naturais do planeta, no resultado de todo esse tremendo sucesso da ciência e do pensamento; chegamos muito perto do que, agora,entendemos ser o limite da suportabilidade do planeta. – e não exatamente por ter alcançando o extremo de nossas ambições.
Portanto, os ideais tradicionais de comunidade além de orientar e direcionar os rumos que a sociedade deve seguir, mesmo que ela seja eclética, ela pertence a quem segue e não a sua origem. A origem da tradição justifica um contexto e no decorrer das transformações sociais deve ser pensado o peso da tradição para a sua reformulação. Segundo Anthony Giddens em séculos passados “Não havia necessidade de tal palavra, precisamente porque tradição e o costume estavam em toda parte. A idéia de tradição é uma criação da modernidade [...] Além disso, as tradições sempre incorporam poder, quer tenham sido construídas de maneira deliberada ou não. Reis, imperadores, sacerdotes e outros, vêm, há muito inventando tradições que lhes convenham e que legitimem seu mando”.
A autonomia do indivíduo e a comunidade autônoma só podem existir juntas. Não dá para ser um indivíduo numa sociedade tirana. Deve haver uma cooperação mútua entre as duas autonomias. George Orwell uma vez disse que “nós temos medo da bota de um soldado prensando um rosto humano”. Desde os fins da ditadura militar (no Brasil) e da chamada Guerra Fria (no mundo), este medo não é mais um grande problema, não existe mais o medo da individualidade ser oprimida pelos choques vindos de cima, com militares ou a polícia secreta de algum governo. Há alguns vestígios disso, mas bastante aliviados por comparação. Entretanto, o perigo para essa autonomia veio do outro lado. Da esfera do privado e do indivíduo.
A maior aproximação contemporânea da Ágora, do lugar onde a democracia foi feita, refeita, continuada, desenvolvida e protegida; a maior aproximação disso são os realities shows na televisão. É onde as massas assistem, participam, telefonam, enviam perguntas, mensagens, etc. Algo semelhante ao que se fazia na antiga Ágora Grega. A diferença é que não se estão discutindo os nossos interesses compartilhados, não se está discutindo o bem estar da sociedade, ninguém está discutindo sobre o que precisa ser feito para abolir e reparar os problemas que todos nós sofremos na sociedade atual. Eles apenas confessam, em última análise, os problemas privados individuais e bastante íntimos.
Erenberg, um sociólogo Francês, afirmou que em sua opinião, a revolução pós moderna iniciou numa noite de quarta feira a noite, num outono de 1980, quando Vivienne, uma mulher comum, na presença de 6 milhões de telespectadores, declarou que nunca teve um orgasmo em todo seu casamento porque seu marido Michel sofria de ejaculação precoce. Por que isso teria iniciado a revolução? Porque repentinamente, na Ágora, as pessoas começam a confessar coisas que eram personificação da privacidade, personificação da intimidade, que você somente contaria se você fosse católico e confessasse a um padre no confessionário ou a alguns amigos de extrema confiança. Mas você não iria à praça pública anunciar para todos. Então, a Ágora não foi conquistada pelos regimes totalitários, mas exatamente pela privacidade, por coisas que eram anteriormente privadas. É como um confessionário. É a personificação da intimidade e da privacidade que você conversa diretamente com Deus. É um segredo absoluto. Ninguém pode saber o que você confessou no confessionário. Porém, nós instalamos câmeras no confessionário.
A condição do indivíduo neste mundo pós-moderno está definida pelo novo modo de interação interpessoal. A rede. O que até aqui discutimos a tradição em seu modo legítimo de comunidade, o laços humanos se reduziram a network. Um viciado do Facebook gaba-se pelo fato de conseguir fazer 500 amigos em um dia. Talvez cada um de nós em toda nossa vida não tenha juntado 500 amigos. Então, provavelmente quando ele diz “amigo” não é a mesma coisa que as pessoas em seu entendimento particular entenda como amigo. Amigo é um laço humano, de fazer parte da comunidade, da vida do próximo. Qual é a diferença entre comunidade e rede? A comunidade precede o outro. Nós nascemos em uma comunidade. Por outro lado temos a rede que ao contrário da comunidade é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma é conectar e a outra é desconectar. A atratividade do novo tipo de amizade (em forma de redes de relacionamentos ou network) é a facilidade em desconectar. É fácil conectar, fazer amizades, mas o maior atrativo é a facilidade de desconectar. Imagine que o que você tem não são amigos on line, mas conexões off-line. Conexões verdadeiras (face a face, corpo a corpo, olho no olho) é sempre muito difícil de romper. Temos que arrumar desculpas, que explicar, tem que mentir com freqüência e, mesmo assim, não se sente seguro porque o outro diz que não temos direitos, que somos sujos, etc. É difícil, mas na internet, é tudo tão fácil, com um click “deleta-se o amigo” e pronto. Em vez de 500 amigos tem-se 499, mas isso é apenas temporário, porque em um momento seguinte adicionamos outra pessoa e se tem novamente 500 amigos, e isso acaba com os laços humanos. Os laços humanos são uma mistura de benção e maldição. Benção porque é realmente muito prazeroso ter outra pessoa em quem confiar e fazer algo por ele e/ou por ela. A maldição é porque quando se entra no laço, nós esperamos ficar lá para sempre. Juramos até que a morte nos separe, para sempre. O que isso significa? Tudo isto nos evidencia o tipo de família tradicional que estamos criando para nosso tempo e a repercussão deste modelo para as próximas gerações.

BOA SEMANA!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meio Ambiente, Trabalho e Energia


Artificialismo

Na aula passada discutiu-se a natureza do humano e os projetos criados por esta natureza iniciados no século XVII (projetos de poder e controle sobre a natureza), compreendendo a atualidade (a partir dos anos 2000) como momento intermediário da transição da natureza original para uma natureza artificial. Então quando abri a proposta existe natureza humana? Tentei fazer com que vocês chegassem ao se depararem com a problemática defendessem um ponto de vista, uma proposta que atendesse as necessidades físicas e psicológicas, naturais e artificiais da modernidade e dominação qual a natureza se encontra. Hoje nos interessa nos aprofundar um pouco mais nessa temática e nela perceber o meio ambiente, trabalho e energia.
Faz 200 anos que as ciências nos fez acreditar que somos descendentes dos animais. Então nós nos sentimos parte da natureza. Ao estudar história, geografia, informática; podemos perceber que os militares e as ciências seguem desde o final da Segunda Guerra Mundial os Princípios do C³I ou do 3C I (Comando, Comunicação, Controle e Informação) e isto faz com que a ciência do nosso tempo veja as pessoas como cyborg. Cyborg é um termo traduzido do inglês que significa organismos cibernéticos. O cyborg, o superhomem, o pós-humano seria então a evolução máxima imaginada em nosso tempo para a espécie humana.
De fato a natureza por si só, sofre mudanças. O humano e sua artificização da natureza aos poucos, comanda, comunica, controla e informa não somente a fauna, a flora, os animais não humanos e todo tipo de vida natural existente, mas também comanda, comunica, controla e informa as mudanças “necessárias” a própria natureza. Assim, nos damos conta que somos um termo em transição (da origem animal para o cyborg). Um ser humano no mundo cibernético tem funções sociais de agenciamento de informação. A dimensão da realidade virtual é parte da dimensão virtual da realidade, seguindo o biólogo Edward O. Wilson (1996) uma planta é para nós como um software. Lamenta-se que a floresta, que “esta biblioteca maravilhosa que é a floresta tropical está desaparecendo e ela está desaparecendo antes mesmo que nós pudéssemos ler estes livros que é esta biblioteca viva [...] agente precisa conhecer esta informação, precisamos preservar isso”.
O desaparecimento da floresta que se lamenta não é um desaparecimento físico em si, mas dela desaparecer antes mesmo de a floresta poder ser lida e ter sido coletada todas as informações. Destas informações que se criam combinações e recombinações da informação digital de genética, ou seja, a diferença que faz a diferença, isto é, diferentes agenciamentos – ela é ao mesmo tempo molecular e global. A ciência trabalha hoje com a combinação e recombinação de um patrimônio genético, de um banco de informação finito para a criação infinita de materiais.
Bom, com a cientificidade de hoje somos vistos enquanto humanos como cyborg, mas somos um ser em transição porque parte de nós ainda se sente animal, ainda estamos nos tornando cyborg. A medida das coisas passa a ser informação. Neste sentido, revistas, jornais e todos os meios de comunicação que apontam o progresso da tecnociência, da criação de uma nova biodiversidade, desta transição para a cibernética, voltar para trás é impossível. Então, EU quero ser um Cyborg de oposição a informática da dominação. Esta reflexão é interessante, pois lida com como a tecnociência e como ela desconstrói a natureza humana e transforma as pessoas em cyborgs. Se vamos aceitar ou não a desconstrução da programação da natureza sobre o ser humano pela tecnociência não é uma decisão do indivíduo, entretanto, como esta ocorrerá pode sim ser a diferença que impeça o controle total e extremo sobre a natureza. O novo mundo precisa ser questionado. A sociedade não tem comumente o caráter questionador da introdução da tecnologia na vida privada e ainda deixa a critério da ciência que tipos de questões a sociedade deve levantar para si, isto faz com que o livre arbítrio seja algo muito premeditado e neste sentido é presumível ou pelo menos tendencioso a compreensão do caminho da sociedade pós-moderna que se deixa orientar pela necessidade do capitalismo global.

Sustentabilidade: da sombra ao brilho
Pensar em ser oposição à dominação é entender que nós não somos seres que simplesmente se organizam para reproduzir nossas condições materiais, mas somos seres que vivemos também para buscar sentido em nossa vida. O humano não é simplesmente um ser racional que cria sua condição de existência, mas é um ser que cria valores simbólicos, que cria cultura.
Assim como se pode afirmar que a realidade é feita por luz e sombra, pessimismo e otimismo, o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto, o dia e a noite, isto é, com dualidades, assim também devemos nos atentar ao conceito de sustentabilidade. O que é sustentabilidade? É uma sociedade futura, é um projeto histórico com o olhar para o futuro que visa elucidar o que falta para sermos sustentados.
Comumente, nos atentamos apenas para o lado pessimista da sustentabilidade: todo dia cria-se uma lista do que ainda não somos; todo dia vamos fixar nossa identidade de sermos insustentáveis; o quanto falta para chegarmos a uma sociedade sustentável; não cuidamos dos nossos recursos naturais como devíamos; não temos o consumo responsável como devíamos; não temos uma produção suficientemente limpa; nossos governantes não são suficientemente eficientes nem comprometidos e assim vamos construindo um muro das lamentações e só enxergaremos o lado frio e sombrio da sustentabilidade onde estamos à beira do abismo, à beira de uma catástrofe sem precedentes que de alguma forma todos nós ou morreremos ou de alguma forma seremos tragicamente afetados.
O conceito de sustentabilidade surge nos anos 60 na disciplina da Ecologia de População. O conceito foi sendo elaborado a partir da observação da necessidade do equilíbrio entre uma determinada população de animais e plantas e o seu meio biótico e abiótico. Os biólogos observavam que se os animais e plantas em seus processos de cooperação e de competição formavam populações sucessionais que competem ou cooperam entre si no acesso aos recursos como água, oxigênio, CO2, minérios, entre outros e percebiam também que quando qualquer desequilíbrio acontecia em um ambiente, àquelas populações entravam também em desequilíbrio e isso era início de um colapso, um processo de extinção de uma espécie até a extinção de uma população de fato ou, ainda, a adaptação e transformação do ambiente, logo de toda a população.
Seguindo esta linha de reflexão que em 1979 Arnold Toynbee, um importante economista inglês escreve a obra “Humanidade Mãe Terra”. Toynbee acredita que são dois os motivos que levam as grandes civilizações ao fim: o primeiro é o colapso dos recursos naturais e o segundo é a crise dos valores morais. Ainda, afirma que observando estas sociedades é possível dizer que há três tipos de grupos com respostas para as crises de civilização: primeiro são os passadistas ou conservadores, voltam-se para o passado, buscam no passado respostas para os problemas que ocorrem em seu presente, contudo, a resposta para o passado é parcial, o tempo é inexorável (que não se move, não muda); o segundo são os escapistas ou retirantes, negam os problemas por não ter votado em seu presidente, por não gostar dos hegemônicos, não estão nem aí com o sistema financeiro vigente, estes se retiram do mundo; e por último há um terceiro perfil psicológico que lideram as transformações sociais civilizatórias que são os visionários, estes sentem o desconforto da crise, sentem o mal estar da civilização, mas sabem que não é no passado que irão encontrar respostas para os problemas, também sua consciência moral, seu senso de responsabilidade não os deixam abandonarem o barco, se retirarem simplesmente, ainda não são todos os visionários que lideram as mudanças, embora acreditem e mobilize toda sua energia criativa para a mudança, alguns são capazes de sustentar a visão e outros não.
            Quando se fala em sustentabilidade, não se trata de salvar o planeta, mas se trata de salvar a nossa pele, o reinício de uma humanidade. E como é que nós seres humanos resolvemos nossos problemas materiais de existência de sobrevivência? Com bens tangíveis (roupa, alimento, casa, móveis, automóvel, etc.), e bens intangíveis (ser amado, sentir-se seguro, ser confiante, ter alegria...). A era da informação como medida de todas as coisas faz com que as pessoas no processo de produção da condição de existência, também produzam para si doenças, a sociedade produz doenças. Não há como se falar em sustentabilidade sem falar naquilo que nós comemos, sem pensar em nosso ambiente, não se debruçando sobre a escassez relativa de certos recursos naturais ou em como lidar com os recursos não renováveis.
Apesar do avanço do conhecimento que é amplamente construído no entorno dos alimentos, nós nos alimentamos cada vez pior. Motivos: a cada dia nós comemos coisas mais processadas e alimentos processados não são vivos, não trazem vitalidade, não ajuda repor a energia que precisamos ter. Nós temos pressa em comer, não sentimos mais os gostos dos alimentos, comemos por estética, beleza, pelo estímulo do ofato, necessitamos de certo grau de sociabilidade para nos alimentar. Os alimentos com agrotóxicos diminuem nossa vitalidade, diminuem a fertilidade da terra e colabora para as mutações genéticas das pragas, vírus e bactérias.
No século XX os esforços para a saúde determinam dois tipos de terapêuticas: a que remedia e a que previne. A que previne diagnostica os problemas e cria vacinas, sempre precisamos de um médico para nos avaliar e medicar. Entretanto, não precisamos de um profissional para prevenir doenças. Dormimos tarde, acordamos cedo. Nós ligamos a televisão para não pensar, para nos anestesiar, acessamos a internet para passar o tempo, nos estressamos com a família e amigos sem resolver os problemas, fazemos o que não queremos profissionalmente em troca de uma possibilidade de fazer o que desejamos... Nós precisamos dar atenção a nós mesmos! Não adianta tomar vitaminas ou remédios antiestresse.
Será que se olhássemos a natureza a nossa volta encontraríamos a nossa farmácia natural? A farmácia natural a que me refiro não são as plantinhas e ervas, mas o ar limpo, o cheiro de mato, a água limpa de rios, lagos e cachoeira, pisar descalço na terra, vários os elementos que integram o homem ao seu ambiente natural e podem ser terapêuticos.
Se, comemos e nos sentimos estufados sempre, se pensamos em nosso trabalho e não temos prazer em fazer o que fazemos se só discutimos com nossos amigos e com nossa família, é lógico que não se está bem. Por isto precisamos dar atenção a nós mesmos para saber que tipo de prazer eu posso ter com a vida e que tipo de prazer eu posso evitar.
As pessoas depois de um ano de muito trabalho e de rotinas exaustivas buscam nas férias atividades que possam curtir e sair da rotina. Atravessam o trânsito intenso de São Paulo, descem de rapel, escalam montanhas, fazem trilhas, pulam de paraquedas, fazem raffiting e se a pessoa não enfartar, volta pra casa exausta, isto é, tem menos energia do que antes de todas as experiências “fora da rotina”. E como se repõe esta energia? Precisamos repensar o nosso lazer, existem hoje uma gama de possibilidades que permitem a pessoa sair da rotina, gastar energia em um processo democrático, todos não são obrigados a fazer a mesma coisa até porque existe dentro da academia ou de uma associação atlética, ou mesmo um clube uma série de exercícios que você pode escolher.
Sustentabilidade aqui e agora é saber dizer não aquilo que nos faz mal. É procurar alternativa para aquilo que nos faz bem, que faz bem a saúde, à autoestima.
É necessário nos atentarmos para como a sociedade também se organiza em redes de colaboração e não só a de competição. Nós temos hoje no Brasil 5200 organizações não governamentais. Estas organizações não olham simplesmente para si, não visam alimentar o ego de alguém, mas ajudar plantas, animais, as pessoas excluídas ou que possuem alguma desvantagem contextual. Estes comportamentos são valorizados pela sociedade e fazem bem tanto para o público beneficiário, como para quem pratica a ação, pois mexe com a autoestima. A baixa autoestima é não perceber o nosso sentido, a nossa utilidade, isto ainda serve como porta de entrada para depressão. Cultivar sentimentos animais que fazem parte da natureza humana e elevam a autoestima, é importante para desenvolver seres humanos melhores e uma sociedade melhor. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Existe Natureza Humana?


Ao estudar a filosofia clássica nos deparamos com uma classe de filósofos gregos que tem a finalidade de ensinar os filhos dos anciões a tornar-se animais políticos. Através das palavras, estes convenciam as pessoas de que o céu é branco, de que a terra é maior que o sol, de que as pessoas vivem apenas para satisfazer as necessidades divinas e estas vontades eram transmitidas por intermédio daquele que se dedicava a atividade política. Assim as pessoas se conformavam com as decisões “sábias” que saiam das ágoras. Estes filósofos professores eram conhecidos como sofistas.
            Protágoras de Abdera (nascido em Abdera 480 a.C. e morto na Sicília 410 a.C.) chegou a uma conclusão – que até a década de 50 do século passado era uma certeza – “O homem é a medida de todas as coisas”. Isto é, o homem é a categoria central em que é possível pensar todas as coisas. Esta expressão é racionalista, ou seja, é uma discussão lógica que propõe que tudo é feito pelo homem para o benefício do homem e, portanto, o homem nasceu da natureza para controlá-la atribuindo qualidades e significados.
            O homem, como medida de todas as coisas, pode levantar questionamentos se analisado o processo de transformação da natureza por ela própria descrito em Engels (1848); e neste processo a que Engels viria chamar de criação da natureza humana. “Quando um homem se separa definitivamente do macaco esse desenvolvimento não cessa de modo algum, mas continua, em grau diverso e em diferentes sentidos entre os diferentes povos e as diferentes épocas [...] orientado em um determinado sentido por um novo elemento que surge com o aparecimento do homem acabado: a sociedade”. A natureza humana até o fim do século XIX se limitava as manifestações da matéria, isto é, a essência da vida humana, como resultado de um processo evolutivo da natureza não humana. A natureza humana depende da sociedade e da divisão social do trabalho para sua preservação.  Sendo assim, seria possível o homem ser a medida de todas as coisas?
No entorno do desenvolvimento de uma sociedade pré-industrial e da disseminação de ideais nacionalistas e comunistas Engels propunha que a natureza estivesse em constante transformação e o homem que uma vez foi resultado desta transformação passaria a ser o agente transformador a partir da evolução dos tempos e do progresso do trabalho. A sociedade como evolução e progresso da natureza, da história, do trabalho, das ciências, das técnicas e das tecnologias significa para Karl Marx (1859), parceiro que desenvolveu vários trabalhos com Engels, que a natureza humana se desprende tão somente de sua matéria natural passa a se atentar também à sua consciência moral; “o homem é visto como intrinsecamente dotado de valor, é bom, não pode, portanto, ser a base da explicação de uma sociedade má [...] não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”
Se acompanharmos o momento histórico que estes pensamentos foram criados, podemos perceber que o liberalismo econômico que teria como principal objetivo dar condições a todos de igualdade, porém, Reis e Nobres não mais teriam vantagens sociais uma vez que era necessário o trabalho para se ter moeda e moeda para a subsistência. Essa mesma época foi marcada pelos cercamentos (enclosures) de terra mudando toda a vida do camponês. Ora, se o homem é bom, a sociedade é boa e o liberalismo um meio justo de subsistência, por que cercar terras, fazer homens passar fome e a partir daí, estes mudarem-se, para os centros urbanos? Marx e Engels já alertavam para um projeto de controle e dominação daquilo que se acreditava ser evolução e progresso. Observe! Pouco a pouco a Europa vive a Revolução Industrial, assim, a consciência do homem não determina exatamente quem ele é, mas a consciência coletiva determina quem ele deve ser. Isto nos leva a outro questionamento: “então, eu não sou quem penso que sou, mas sou um membro interdependente de outros membros para mover o corpo e todos os membros são dirigidos por uma parcela de membros dominantes?”
            Para entender melhor este projeto de dominação da natureza, no século XVII Francis Bacon, um importante político, filósofo inglês inicia em suas obras “Sobre jardins” e “Organum” teorias de como dominar a natureza – este projeto está chegando ao seu limite com a dominação da natureza humana – o que seria bom e agradável ao dominador, as reações da natureza. Ele diz “quando falamos das formas, mais não entendemos que aquelas leis e determinações do ato puro, que ordenam e constituem toda e qualquer natureza simples e que ao homem não é dado o poder de se emancipar-se e liberar-se do curso da natureza e aventurar-se a novas causas eficientes e a novas formas de operar [...] É oportuna a apresentação de um exemplo de exclusão ou de rejeição de naturezas.”
Em um tempo onde não se conhece agrotóxicos, pouco se sabe sobre as células do sangue, a palavra estética era tão somente um modo de demarcar a qualidade de um modelo; o projeto proposto por Bacon era uma ideia natural para as condições de adaptação, desenvolvimento do humano e de suas paixões. Neste contexto de dominação e aprimoramentos das técnicas de dominação da natureza, após a Segunda Guerra Mundial um poeta inglês (C.S. Lewis) conhecido popularmente pela obra “As Crônicas de Nárnia”, questiona: “e quando a ficção e magia não for mais ficção e magia?” Lewis em sua obra “A Abolição do Humano” declara que “como anda o desenvolvimento da tecnologia vai chegar o momento em que vai existir a possibilidade de que o condicionamento humano seja tão perfeito que uma parcela da humanidade vai dominar a outra de modo extremo”, assim o projeto de dominação da natureza chega ao seu ponto máximo com o domínio da natureza humana. Lewis entendia o condicionamento humano em sua estrutura cultural, político, social e não como hoje temos os genes, o corpo – humanos objetos de sua própria intervenção científica.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Calendário 3° Bimestre 2011

04/08 - Apresentação das atividades de filosofia do bimestre
11/08 - Existe natureza humana?
          - O tema será abordado sob a ótica da ética e estética
18/08 - Meio ambiente, trabalho e energia
          - O tema será abordado sob a ótica globalização, beleza e gosto
25/08 - Tradição e família
          - O tema será abordado sob a ótica do risco e trabalho 
          - Entrega da resenha crítica do filme: "Eu Robô" (2004) - nela será obrigatório apresentar elementos estudados em sala. Sinopses ou resumos terá a nota reduzida a zero automaticamente. Texto de no mínimo 20 linhas e máximo 30 linhas. Menos de 15 linhas a nota será zero. Poderá ser escrito a caneta em folha universitária (caderno ou fichário), ou impresso com fonte "Times New Roman" ou "Arial" , tamanho 12 sem negrito ou itálico. Use o sublinhado para destacar algo que achar necessário. Esta atividade não requer capa.
01/09 - Avaliação literária "Mundo em Descontrole" (Anthony Giddens)
08/09 - Feriado
15/09 - Conclusão do tema "Meio Ambiente, Tecnologia e Energia"
22/09 - Avaliação Bimestral
          - Entrega do Cartão Postal (Esta atividade deverá seguir o modelo de um cartão postal, isto é, uma imagem e sua identificação na frente e uma mensagem no verso. Dá-se preferência para mensagens escrita pelo próprio estudante. O tema do cartão deverá seguir a proposta do bimestre "Meio Ambiente, Tecnologia e Energia". Todos os detalhes serão minuciosamente avaliados. Tipo do papel, imagem, edição, coerência, mensagem, etc.)


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Avaliações:
20 Pontos - Resenha Crítica
20 Pontos - Comentários no Blog
20 Pontos - Atividades em sala
20 Pontos - Prova literária
20 Pontos - Prova Bimestral
100 Pontos - Cartão Postal




Sucesso a todos!!